Vingadores: Guerra Infinita



 
Em 2008, a Marvel lançava o primeiro filme de seu universo cinematográfico, Homem de Ferro, e quem poderia imaginar que hoje, quase exatos dez anos depois, essa ideia se tornaria tão grande quanto o que vemos em Vingadores: Guerra Infinita. Eu mesmo me lembro quando descobri que os Vingadores se tornariam reais, na cena pós créditos de Capitão América: O Primeiro Vingador, eu tinha doze anos e já estava saindo da sala quando ouvi falar pela primeira vez no grupo. É muito legal ver as proporções que tomaram aquela minha primeira impressão, quando eu só tinha ouvido falar sobre os heróis, mas não sabia nada sobre eles.
É meio difícil fazer uma sinopse sobre um filme como esse, mas temos aqui a equipe dos Vingadores que deve enfrentar o seu maior inimigo até agora, Thanos. Ele está em busca das seis joias do infinito que, seu reunidas e nas mãos de Thanos, podem causar consequências quase inimagináveis para o universo inteiro.
A direção é da já conhecida dupla de irmãos da Marvel, Joel e Anthony Russo. É muito notável toda a admiração dos dois sobre esse universo e o trabalho que fazem para honrá-lo. Também é verdade que filmes de heróis já estão saturando o cinema blockbuster, mas os irmãos sabem usar o potencial dos elementos já desenvolvidos em outros filmes para que esse ponto não pese na narrativa, construindo o filme em cima da expectativa. Eles sabem o que fãs esperam e nos presenteia com uma série de momentos épicos e também sabem o que eles não esperam, nos surpreendendo em instantes cheios de tensão.


Mas talvez a característica mais marcante dessa direção é a habilidade com que os irmãos tratam todos os heróis no filme. Na verdade, essa era a minha maior preocupação, são muitos personagens e coordenar todos eles nas lutas não seria uma tarefa fácil, mas acabou que isso não foi problema. Os diretores fazem questão de sempre mostrar o que cada um está fazendo, sem falar na criatividade da interação entre eles, a forma como o poder de um complementa o do outro, há uma forte sensação de trabalho em equipe. Também não tem como deixar de comentar sobre a importância da edição nesse quesito, é um trabalho preciso ao montar as sequências e passar a impressão que todas elas estão acontecendo ao mesmo tempo, com a duração certa para que o público não esqueça o que está acontecendo nos outros núcleos.


Também era essencial elaborar uma boa justificativa para que tantos heróis assim tivessem que se envolver na briga, caso contrário, o filme correria o risco de falhar vergonhosamente. Mas essa justificativa é muito bem construída e tem apenas um nome que a define, Thanos. É um vilão intenso e com uma presença assustadora, na verdade, fica a sensação de que precisariam de até mais heróis para detê-lo. Thanos é um grande antagonista com a abordagem certa, ele não é o intocável que só manda outros fazer o seu trabalho, ele se envolve nas lutas mesmo e chega até a levar umas porradas, criando um personagem palpável e forte, mas não inatingível. Na verdade, não me lembro de ter visto um vilão melhor que ele nos filmes da Marvel, tem um ótimo embasamento emocional e rouba a cena com todo seu empoderamento.


            O roteiro desse filme é bastante complexo, e não é difícil entender o porquê. Vingadores: Guerra Infinita tinha a difícil tarefa de reunir praticamente todos os seus heróis em uma história só, sendo que cada um deles estava em um lugar diferente e cujos desenvolvimentos ocorreram em filmes diferentes. Vale a pena assistir os filmes anteriores antes desse, principalmente Thor: Ragnorok, Capitão América: Guerra Civil e os demais que apresentam as joias do infinito, pelo menos para se situar melhor no enredo.
Nesse contexto, é fácil entender que o filme segue várias linhas narrativas, uma para cada herói ou grupo de heróis para inseri-los na história, o resultado são dois grandes núcleos de narrativa. Aliás, é muito difícil comentar sobre o roteiro desse filme sem dar nenhum spoiler, principalmente o desfecho dele. Tudo isso, marcado pelo humor já característico da Marvel, aqui também não faltam piadas engraçadas, aliás há uma sequência hilária que envolve o Thor e Senhor das Estrelas.


           
            Toda vez que um personagem novo aparece, ele tem um impacto imediato e o cinema vibra com a oportunidade de vê-lo lutando ao lado dos outros. De fato, são momentos épicos para ficar na memória de qualquer um. As cenas de batalhas são impressionantes, mérito novamente para a dupla de diretores, câmera ágil que acompanha a coreografia das lutas e cortes que transitam entre todos os heróis e os dois núcleos de narrativa. Tudo orquestrado por uma trilha sonora eficiente e CGI de qualidade, na verdade o filme funciona praticamente inteiro em cima de computação gráfica nas ambientações dos planetas, esse fato pode incomodar alguns dependendo do quão engajado você estiver na história, para mim não teve tanto efeito já que a ação não tem cara de videogame e as sequências são todas muito empolgantes.
            Quanto aos personagens, mesmo todos funcionando muito bem em batalha, como dito anteriormente, também é verdade que alguns heróis têm mais desenvolvimento que outros. Personagens como o Homem de Ferro, Thor, Dr. Estranho, Visão e Feiticeira Escarlate tem mais o que fazer do que o Pantera Negra, Falcão, Soldado Invernal e até o Capitão América. Mas dá para entender, é um filme com muitas coisas para serem resolvidas e dar total atenção para toda essa gente seria impossível. Destaque para a Gamora, sua personagem tem um arco emocionante e ainda ajuda a construir um outro lado de Thanos. Outras questões como a dinâmica dos Guardiões da Galáxia e a interação entre Tony Stark e Peter Parker continuam muito bem apresentadas. Vou parar por aqui para não revelar coisas demais.


            Vingadores: Guerra Infinita tem tudo o que você gostaria de ver e ainda reserva espaço para mais um pouco. É um filme para qualquer público assistir e apreciar, independente se você acompanha ou não o universo cinematográfico e, se possível, veja na maior na  maior tela que você encontrar.

           

Comentários

  1. Não poderia dizer de melhor forma... Sua crítica e bastante coesa e digna do filme. 😍😍

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