Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald



        De dentro do famoso universo de Harry Potter, temos o segundo filme da saga Animais Fantásticos, estrelada agora pelo bruxo Newt Scamander. Saga esta que começou bem e será estendida até cinco longas no total. Seria um exagero ambicioso dos estúdios? Possivelmente, teremos que aguardar os próximos para chegar a um veredito, mas já nesse segundo temos indícios que essa será exaustiva jornada de uma história mais longa que o necessário.

       O poderoso bruxo das trevas Grindelwald (Johnny Depp) escapa de sua reclusão, atraindo a atenção do jovem professor de Hogwarts, Alvo Dumbledore (Jude Law). A seu pedido, agora Newt (Eddie Redmayne) e seus amigos devem unir forças para impedir a reunião de Grindelwald com seus seguidores.


         A direção é novamente do já conhecido da série, David Yates, responsável pelo filme anterior e por quatro dos longas de Harry Potter. Ou seja, ele conhece o universo como poucos e continua com o mesmo olhar apurado sobre sua criação. A experiência de Yates é fundamental, ele conhece os fãs da série e os honra com o que eles querem ver. São detalhes como o feitiço “estupefaça” ou “expelliarmus” em determinados momentos e o aparecimento do “espelho de Ojesed” que fazem diferença na imersão entre o filme e público. É um tipo de experiência que só poderia ser proporcionado por uma pessoa que tem esse tipo de conhecimento específico. A criatividade do diretor faz os olhos dos telespectadores brilharem na ação, mesmo que as oportunidades para isso sejam poucas.




          Meu maior medo nessa nova sequência era a criação de duas narrativas e uma se sobressair sobre a outra. A história entre Dumbledore X Grindelwald já é conhecida dos fãs e a decisão criativa de unir esse enredo com a jornada de Newt me pareceu bastante controversa. O longa corria o risco de se concentrar em Grindelwald e esquecer de Newt, dando uma característica de coadjuvante ao protagonista. Fiquei aliviado em saber que isso não aconteceu, mas ainda assim, não totalmente satisfeito. É difícil encaixar uma coisa na outra, a trajetória do Grindelwald não tem relação direta com a do Newt. A tentativa de atrelar os personagens exigiu muito do roteiro, criando uma narrativa única, mas onde muitas explicações precisam ser dadas e personagens novos apresentados. O resultado é uma história muito confusa e que parece que não anda para frente, tem sempre alguma outra coisa para ser dita, atrapalhando profundamente a fluidez da trama.

          Com essa mistura, eu sinceramente não sei como será o futuro dessa nova saga. Da maneira que os filmes estão sendo montados, só prevejo as sequências “Animais Fantásticos” com cada vez menos animais fantásticos e mais Grindelwald visto que aparentemente o foco é contar uma história que não tem nada a ver com seu próprio título, o que seria no mínimo estranho.


          Outro problema que atrapalha o andamento do filme é o excesso de personagens. Os roteiristas precisavam tratar dos já apresentados na sequência anterior e inserir outros novos. Essa quantidade incha a narrativa e a deixa ainda mais confusa, são muitos nomes e muitas histórias paralelas acontecendo simultaneamente. Dessa forma, é inevitável que alguns deles sobrem na história e acabam não tendo muito impacto no enredo. O Jacob e a Queenie são bons exemplos disso. Pior ainda é a Naguini, ela e nada nesse filme são a mesma coisa, o mesmo pode ser dito do Nicolau Flamel. A presença de ambos é puro fã service.

          O Eddie Redmayne continua muito forte como Newt, seu personagem é bastante peculiar, mas o ator não deixa essas peculiaridades engolirem sua interpretação em extravagâncias desnecessárias. É muita criação muito precisa ao dar espaço ao jeito atrapalhado de Newt e ainda assim construí-lo com a imagem de um bruxo poderoso. O Jude Law aparece pouco como Dumbledore, o que é uma pena. Seu personagem requer uma serenidade capaz de transmitir sabedoria e Law provoca tal efeito pelo olhar, assim como seus predecessores no papel.



           A escalação de Johnny Depp como Grindelwald gerou muita polêmica em cima do filme, o ator esteve envolvido em escândalos de violência doméstica, fato que desagradou muitos fãs mas, ainda assim, sua presença foi mantida pelos produtores e pela própria J.K.Rowling. É um pouco difícil ser imparcial diante dessa situação, mas quanto seu desempenho, pelo menos não vemos traços de Jack Sparrow aqui e é imponente o suficiente para se qualificar como um vilão.



           Em linhas gerais, podemos resumir Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald como uma história que sofreu com certas decisões erradas, mas se livrou de ser um fiasco. É um bom filme que deve agradar o público geral (aqueles que conseguirem entender o enredo confuso) e, para os fãs, deve pelo menos presenteá-los matando a saudade dos feitiços e dos personagens.

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