Tomb Raider: A Origem (2018)


            

             Não é novidade que as adaptações de games para o cinema têm um histórico desastroso, a saga de Resident Evil e até os anteriores sobre a Lara Croft estão aí para provar. Tomb Raider: A Origem não faz muita coisa para mudar essa visão, mas também não posso dizer que é um fracasso total.
            Lara Croft é filha de um grande executivo que desapareceu há alguns anos durante uma de suas aventuras.  Lara gosta de viver sua vida de forma independente, mas circunstâncias a impelem a investigar o destino de seu pai e o trabalho que desenvolvia antes de seu desaparecimento.
            A direção é do Roar Uthaug e seu trabalho aqui é competente, os erros do filme não caem sobre os seus ombros. Ele é bom com a ação do filme, mesclando o visual de uma câmera em movimento com uma ótima edição de som. Ele entende e respeita a força de sua personagem, o ritmo do filme também encaixa direitinho, não temos muitas falhas em termos de direção.


            O problema maior está no roteiro que nos mostra um típico filme de aventura, sem muitos detalhes diferenciais ou memoráveis. Há a apresentação da personagem que, em algum momento se depara com um grande desafio cujas consequências podem causar muitos problemas, ela inicia sua viagem, algumas coisas não funcionam tão bem quanto planejado e o final também não tem muita surpresa. Não tem originalidade e em alguns pontos pode até ser previsível.
            O primeiro ato é um pouco apressado, conhecemos a personagem e suas habilidades, temos alguns flashbacks em tom sépia para ajudar a explicar a origem e já entramos direto na missão. Depois a Lara tem alguns desafios que não tem importância narrativa, mas que a direção pelo menos torna legal de assistir, como a cena a cachoeira e do barco. E o ato final, apesar de ser bem executado, não tem o peso que deveria pois falta no roteiro o desenvolvimento de todo o misticismo que envolve a aventura, de forma que a ameaça nunca parece genuína ou perigosa o suficiente.
            Quanto a personagem da Lara Croft em si, temos um bom desenvolvimento de sua fisicalidade, a direção faz questão de mostrar que ela é uma mulher forte e ágil, assim as cenas de ação soam coerentes. Mas a capacidade de raciocínio lógico dela não convence pois falta o desenvolvimento da inteligência da personagem no início do filme, portanto toda vez que ela precisa resolver um enigma, fica difícil de entender como ela pode fazer isso. Mas essa questão não é problema da atriz, eu gosto muito da Alicia Vikander e aqui ela faz o que pode para se estabelecer como Lara Croft, aliás é muito mais convincente que a Angelina Jolie nos filmes passados, que sofreu com a erotização da personagem. Aqui a Alicia Vikander faz uma Lara bem mais interessante e os erros são exclusivos do roteiro problemático.


            O Walton Goggins faz o “vilão” do filme, sua interpretação é funcional, mas o personagem é bem desinteressante, ele é rabugento e tenta parecer sempre estar no controle da situação, mas seu plano não tem a menor lógica. O resto do elenco como o Daniel Wu e Dominic West tem sua importância, mas nada muito memorável.


            Tomb Raider: A Origem é um filme legal que deve agradar olhos não tão críticos e que buscam apenas uma diversão, mas dentro de uma análise mais apurada é recheado de problemas e inconsistências.
           

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