IT



         A nova adaptação do livro IT – A Coisa do sensacional Stephen King nos proporciona um entretenimento de dois gêneros. Ele funciona como um filme de terror com uma ameaça presente, mas também como uma história de amizade sensível que nos lembra de joias raras como “Stand by Me”, “The Goonies” e, por que não, o sucesso da televisão “Stranger Things”. 


            O longa se passa em 1989, quando uma sequência de desaparecimento de crianças reúne um grupo de oito amigos que, diante da ameaça buscam uma resposta e a solução da trama.
            O triunfo aqui está nas próprias crianças, cada qual com suas próprias histórias e motivações que os empurram para dentro do enredo. Uma série de elementos são abordados aqui na busca do desenvolvimento dos personagens, temos um pai abusivo, uma mãe superprotetora, o gordinho que tem dificuldade em se encaixar em um grupo, o peso de perder um membro da família e outros. Nada disso parece muito original visto desse ângulo, mas essas questões dão camadas aos nossos personagens e possibilita ao roteiro brincar com os estereótipos; o líder é gago, o gordinho é inteligente em vez de bobo, o descolado tem cara de nerd e outras inversões de personalidade. Minha única ressalva é em relação à gangue dos “bad boys”, principalmente o líder deles que me parece muito inverossímil.
            A direção do argentino Andy Muschietti é o ponto chave de todo esse desenvolvimento. Ele trabalha cada história com calma, dando o tempo certo para introduzir cada personagem e se preocupa em integrar tudo isso de maneira sincera. O diretor soube montar aqui um esquema de relações palpável, a união e a amizade entre cada integrante é crível e verdadeira, ponto imprescindível para o desenrolar da narrativa. 


                Muschietti também sabe trabalhar o outro gênero do nosso filme: o terror. Ele nos presenteia com cenas aflitivas, bem construídas e mise-em- scène dosada. Isso sem falar da presença do temível Pennywise que com sua caracterização impecável, é assustador e funciona como o antagonista perfeito para o nosso grupo de amigos.
                A mistura entre esses dois gêneros também é válida de mencionar como um aspecto fundamental da construção do filme, caso contrário teríamos uma obra indecisa, que não sabe o que quer ser. Mas o diretor entende isso, ele equilibra os momentos em que é preciso pensar nas crianças e deixar o palhaço de lado com a hora de marcar a tela de terror quando as relações já foram estabelecidas.
                It é uma adaptação adequada, não comete grandes falhas e sabe equilibrar bem seus objetivos. É válido como fator de entretenimento, principalmente para aqueles que valoriza um bom desenvolvimento de personagem. Mas se você esperava uma grande obra de terror, com sustos e mortes assustadoras, talvez esse não seja o seu filme.

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