Maze Runner: A Cura Mortal




         Não é novidade para ninguém que a franquia Maze Runner nos cinemas é cheia de problemas. O primeiro filme até que apresenta uma boa premissa mas tem uma conclusão muito bagunçada e o segundo demora muito tempo em responder suas próprias perguntas e falha na construção de mundo. Então minhas expectativas para essa continuação estavam no chão, mas felizmente eu estava errado e acabei me surpreendendo com o que parece ser o melhor filme da saga.
No final dessa trilogia acompanhamos Thomas liderando uma expedição de resgate ao seu amigo Minho que se encontra na sede da CRUEL, a organização que controla esse mundo pós apocalíptico e está recrutando jovens em busca de uma cura.
            A direção continua nas mãos do americano Wes Ball, também responsável pelos dois filmes anteriores. Aqui ele demonstra que já está habituado a esse universo e passa mais segurança em seu trabalho. Ele já abre o longa com uma empolgante cena de perseguição, usando uma câmera bastante ativa, se movimentando conforme a ação dos carros. Senti uma influência do estilo Mad Max nessas sequências iniciais, tanto no trabalho de Ball como na direção de arte. 



Com decorrer do filme e mudanças de cenário começamos a ver bastante câmera na mão e a imagem tremida pode ser um problema para alguns. Também temos alguns momentos de ação bem forçada como uma sequência que envolve um ônibus, mas dá para relevar já que são bem executadas.
Outro ponto importante é que finalmente conseguimos sentir o universo da saga como real. Até agora a trilogia não havia se estabelecido como o mundo palpável, era difícil reunir as informações dos locais apresentados e entender a dinâmica da região. Mas agora, só no último filme é possível entender o que foi que aconteceu no passado, a geografia e as relações de poder também ficam mais claras. Parte disso se deve ao CGI de boa qualidade, design de produção criativo e bom trabalho de som.


            O roteiro é bastante inteligente, não é história sobre jovens revolucionários lutando contra um sistema opressor, transformando Maze Runner em uma tentativa de imitar Jogos Vorazes ou Divergente. É principalmente uma missão de resgate e as questões mais sérias ou importantes para o desfecho da saga são desenvolvidos mais no final do longa. Talvez essa decisão tenha deixado o terceiro ato carregado, com muitas coisas para serem resolvidas, mas a direção encontra o ritmo certo para lidar com isso, evitando uma bagunça visual cansativa.


            Essa abordagem me surpreendeu, pensei inicialmente que estaria indo ver um filme totalmente previsível, mas temos aqui pequenas surpresas bastante interessantes. Há inclusive duas situações onde pensei que o filme iria se acovardar, mas ele vai em frente em suas decisões. Minha ressalva quanto ao roteiro é em relação aos diálogos, alguns são bem mal escritos com frases de motivação bem piegas.
            O bom é que o filme se importa mais com ação do que com esses diálogos. Aliás isso também se aplica ao elenco de forma geral, os atores são melhores correndo do que falando. Talvez os destaques sejam mesmo o Dylan O’Brien que interpreta o Thomas, ele assume bem o papel de líder assim como suas consequências e o Thomas Sangster cujo personagem funciona em dupla com Thomas.


            O Walton Goggins faz um personagem com uma ótima caracterização e eu também gosto do que ele representa, infelizmente tem muito pouco tempo em cena. Já a Tereza, vivida pela Kaya Scodelario, é um problema desde o início da série, ela é o que o roteiro precisa para funcionar e ninguém parece se preocupar muito em explicar suas motivações e atitudes. O resto do elenco é apenas funcional, já que ninguém tem um arco dramático muito profundo.
            Maze Runner não é a melhor trilogia de ficção científica que você verá, muito menos a mais memorável e provavelmente daqui há alguns anos a veremos como apenas mais uma adaptação literária. Mas vale como entretenimento e o último filme faz o que pode para dar um final digno à saga.

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