Bright (2017)




            Para falar a verdade, eu não estava com muita vontade de assistir esse filme, mas o marketing em cima dele foi bastante intenso, então foi difícil ignorá-lo, ainda mais por que se trata de uma produção da Netflix. Essa decisão acabou me custando bastante dedicação, mas pelo menos tive a chance ver alguma coisa original.
            O filme se passa em uma realidade ficcional na qual humanos convivem com várias criaturas fantásticas como orcs, elfos e fadas. Nesse cenário, dois policiais, o humano Ward (Will Smith) e o orc Jakoby (Joel Edgerton) encontram um artefato mágico e precisam protege-lo, impedindo de que vá para mãos erradas.
            Antes de tudo, temos que admitir que esse filme não é o que costumamos chamar de comum. Não lembro de ter visto em algum lugar uma história que envolvesse policias em ação interagindo com elementos de fantasia como os que aparecem nesse filme. Na verdade, é tão diferente que chega até a causar estranheza, afinal não temos uma noção do que esperar de um filme assim. Essa é uma boa premissa que apresenta potencial, capaz de pode brincar com as nossas limitações e subverter expectativas.
            A começar pela estética e aspectos artísticos do longa, vemos um ambiente sujo, pouco sutil, mundano e sem enfeites. É uma realidade cruel e bruta que me lembrou muito a arte do último trabalho do diretor, Esquadrão Suicida; inclusive até os orcs se parecem com o Killer Croc. Mas vejo isso como um ponto positivo pois nos faz aceitar os acontecimentos que se seguem. Meu problema é com a fotografia, ela é muito escura já que praticamente o filme inteiro se passa durante uma noite interminável. Não dá para enxergar muita coisa, criando uma ação bem bagunçada. Tenho uma tendência a não gostar de filmes muitos escuros, dá a impressão que o próprio filme está tentando esconder seus defeitos visuais.


            O filme também demora para engatar, o primeiro ato tem muitos diálogos longos para apresentar o ambiente e os personagens. Não que os diálogos sejam ruins, eles são bem escritos, mas também muito enfadonhos e quase me fizerem desistir do filme. Quando finalmente uma história começa a se construir parece um alívio, mas ainda assim leva um tempo até que todos os elementos sejam apresentados para que possamos entender a trama de verdade. Eu me senti meio perdido, até porque parece que todo mundo tem alguma coisa para resolver com os protagonistas, os elfos, os orcs, uns gângsteres humanos, os próprios policiais e até uns agentes federais.
            Falando um pouco mais desses elementos fantasiosos, os orcs me parecem os mais bem fundamentados. Eles são grosseiros, folgados e não parecem se importar muito com padrões, essa abordagem combina bastante com a estética do filme. Já os elfos são o contrário, são caricatos e enfeitados demais, nunca parecendo uma ameaça real, fora que a má apresentação desses seres os tornam bem desinteressantes.


            O policial Ward é o melhor personagem, ele não precisa de uma grande história por trás para explica-lo pois já entendemos que está bem adaptado ao seu próprio ambiente. Sabemos que ele tem uma filha, mas ainda bem que essa linha de desenvolvimento é abandonada pois tornaria o filme ainda mais inflado. Ele é corajoso, sabe o que tem de fazer e o faz sem hesitar, essa personalidade é justamente o necessário para conduzir o filme e Will Smith tem a presença perfeita. Seu parceiro Jacoky funciona como uma espécie de aprendiz do Ward, ele tem a vontade mas a coragem e algumas habilidades são desenvolvidas durante o filme. Essa personalidade encaixa o suficientemente bem com a de Ward para entendermos a relação entre eles.


            Já a elfa Tikka, interpretada pela Lucy Fry, chega até a ser irritante. Ela está sempre precisando ser ajudada, andando curvada apoiada em alguém, seus cabelos estão molhados o tempo todo dando a impressão de ser fraca. A verdade é que ela é bem sem graça e até sua função no filme é questionável. Também temos uma gangue de humanos cujo líder usa uma cadeira de rodas, até agora não entendi o que eles estão fazendo no filme. O mesmo pode-se dizer dos policiais federais, acho que deveriam parecer como um FBI, mas são totalmente descartáveis.


            Bright não é filme com um bom valor de entretenimento, portanto, se você estiver procurando alguma coisa para assistir na netflix esse não é o filme que eu recomendaria. Você pode se cansar tentando entende-lo ao invés de se divertir com filme quando tem um tempo livre. Mas se mesmo assim você quiser arriscar, minha dica é se concentrar mais em sua originalidade do que em seus aspectos cinematográficos mais profundos.
             

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