Até o Último Homem

Saving Private Ryan sempre foi meu filme de guerra preferido e, desde primeira vez que o assisti, eu achava que nenhum diretor poderia alcançar o que Spielberg fez nesse filme, hoje, depois de assistir Hacksaw Ridge, não posso mais dizer isso com tanta certeza.


No novo longa do Mel Gibson conhecemos a história verídica do soldado americano Desmond Doss que, fiel a seus princípios religiosos, jurou nunca tocar em uma arma, mesmo no meio de uma guerra.
Temos aqui um filme de antíteses, é violento mas sua mensagem é pacifista, é cruel sem deixar de ser doce, grotesco e romântico, bárbaro e suave. O filme evoca a tenacidade da linha que separa esses antônimos, mostrando que às vezes temos que conhecer um para entender o outro, temos que ver a guerra para alcançar a paz. Desmond Doss nos ensina a ser complacentes e humanos em tempos ofensivos, a seguir nossos princípios em meio a contradições.
Mel Gibson dosa essa mensagem no ambiente caótico de guerra impecavelmente criado por ele. A energia das cenas de tiroteio e bombas é alucinante, com planos precisamente medidos para serem marcantes e um mais chocante que o outro. A guerra aqui retratada é dolorosamente real, tanto em escala aberta como em uma mais detalhada. Ela é implacável e as morte são assustadoramente realistas.
O ator Andrew Garfield injeta uma sinceridade em Doss que ajuda a deixar o personagem longe de uma santificação, ele parece um ser humano comum mas que é focado em suas crenças e por isso suas conquistas são merecidas, nunca soam fruto de conveniências. O amor que o personagem sente por sua esposa é palpável, virtude alcançada também pela graciosidade na interpretação da Teresa Palmer.
Mas, infelizmente, a perfeição que sobra no visual, falta no roteiro que, nos últimos momentos do filme, pode soar brega e decoroso demais, é estranhamente familiar. Também poderia continuar a desenvolver o que foi tão bem estabelecido no primeiro ato.
Hacksaw Ridge é um filme forte, com uma direção decidida e cenas de guerra irretocáveis, vale como entretenimento os que procuram distração, como um drama muito emocionante para os de coração mais mole que conseguem deixar a pieguice de lado e como um prato cheio para os cinéfilos mais apaixonados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Me Chame Pelo Seu Nome

Maze Runner: A Cura Mortal

Jogador Número 1 (2018)